
Reunião da Comissão Gestora do Açude Castro, em Itapiúna
As Comissões Gestoras dos Açudes Castro e Pesqueiro iniciaram a construção dos Planos de Gestão Proativa de Secas dos hidrossistemas. Os primeiros encontros foram realizados nos municípios de Itapiúna e Capistrano, que integram a Região Hidrográfica das Bacias Metropolitanas. Os trabalhos tiveram início com reuniões nos dias 14 e 15 de maio passado.
Os eventos permitiram a apresentação da metodologia a ser aplicada e o cronograma das atividades a ser seguido em cada local. Com apoio da equipe técnica da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), as reuniões foram conduzidas por Marcelo Cavalcanti, Luiz Júnior e Alexandre Cunha, professores da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e integrantes da Rede Estadual de Política de Águas e Secas (REGAS), vinculada ao Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas da Universidade Federal do Ceará (CEPAS/UFC).

Marcelo Cavalcanti conduz reunião da Comissão Gestora do Açude Castro, em Itapiúna
As comunidades locais marcaram presença por meio de depoimentos sobre as memórias da seca e os impactos sofridos no período. Também foram aplicados questionários ao final, para subsidiar os respectivos diagnósticos. O diálogo buscou identificar os principais desafios enfrentados hoje e quais soluções práticas podem ser executadas.
Para além do fenômeno hídrico, a seca traz consequências socioculturais. A partir de uma sondagem feita com a população, o sociólogo Marcelo Cavalcanti verificou que o impacto entre 2012 e 2017 foi intenso no quesito restrição de água. “Hoje em dia, percebe-se que isso é uma vulnerabilidade em que algumas pessoas conseguem ter um manejo melhor da água, fazendo uso de recursos individuais, particulares”, diz ele, que é pesquisador de políticas públicas e culturais da Unilab.

Reunião da Comissão Gestora do Açude Pesqueiro, em Capistrano
Segundo Cavalcanti, os encontros servem para levantamento de questões e dados primários. As pessoas mais antigas relatam suas memórias em períodos de seca e, assim, a reflexão sobre os impactos gerados surge. O professor explica que desde a percepção da comunidade até os conflitos sociais existentes são levados em consideração: “Nada é desperdiçado”, conclui.
As respostas coletadas serão analisadas e integradas ao processo de construção colaborativa dos planos. O objetivo é aprimorar as ações de gestão e resposta às secas, considerando as especificidades de cada região e a realidade das comunidades afetadas.
A apresentação dos diagnósticos está prevista para o mês de junho, além de haver a validação e a execução da dinâmica “Seca em Jogo” – um recurso metodológico que simula a gestão coletiva de um reservatório de uso comum.

PLANOS DE SECA
Os Planos de Gestão Proativa de Secas são uma das ações do Programa Cientista Chefe: Recursos Hídricos — uma iniciativa da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), em parceria com a Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH). A realização do projeto é mediada por cooperação técnico-científica entre a Cogerh — vinculada à SRH — e a UFC, com participação da Funceme.
Além dos planos dos hidrossistemas Castro e Pesqueiro, estão em elaboração os planos dos hidrossistemas Benguê (Região Hidrográfica do Alto Jaguaribe), Pedras Brancas (Região Hidrográfica do Banabuiú), Forquilha (Região Hidrográfica do Acaraú), Cachoeira (Região Hidrográfica do Salgado) e Santo Antônio de Russas (Região Hidrográfica do Baixo Jaguaribe).
Fontes:
http://www.cbhrmf.com.br/noticias/iniciada-construcao-do-plano-de-secas-do-acude-castro-em-itapiuna/