Ciência e governança se aliam em busca de soluções práticas e sustentáveis para o importante manancial

No mês de abril, representantes do Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas (CEPAS/UFC), da Secretaria de Meio Ambiente (SMA/UFC), da Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP – Prefeitura de Fortaleza) e da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece) se reuniram para discutir a gestão integrada das águas do Açude Santo Anastácio (ASA). Esse encontro tem por objetivo a construção de soluções sustentáveis para o uso e a preservação do manancial em questão. A articulação entre Universidade, Governo Municipal e Cagece foi marcada por diálogo sobre técnica, planejamento e construção colaborativa de soluções.

A bacia do Açude Santo Anastácio tem sido submetida a efeitos das ações humanas. Ocupação desordenada, uso inadequado do solo, lançamento de resíduos sólidos e efluentes sem qualquer tratamento prévio são alguns dos impactos sofridos pelo manancial. O grupo de trabalho (GT) se reuniu pela segunda vez, visando melhorar a gestão das águas urbanas e o saneamento da bacia. 

Localizado próximo à entrada da avenida Humberto Monte, o ASA é o cartão-postal do Campus do Pici (UFC). Ele é alimentado por um canal de drenagem de 2,5 km de extensão, cuja área de captação totaliza cerca de 4 km² e tem origem na Lagoa da Parangaba, que apresenta altos níveis de poluição. A superfície da lagoa está, em grande parte, coberta por macrófitas (aguapés), indicativo de seu estado de degradação ambiental.

Parceria entre ciência e governança

Alinhando parceria entre o CEPAS/UFC e a Secretaria de Meio Ambiente da Universidade Federal do Ceará (SMA/UFC), originou-se o Grupo de Trabalho do Açude Santo Anastácio (GT-ASA). A iniciativa busca fortalecer a cooperação entre a UFC, a Prefeitura de Fortaleza e a CAGECE. Também tem por objetivo ampliar a eficácia das ações voltadas à melhoria da qualidade ambiental e do saneamento básico na área do reservatório.

Com a participação ativa dessas instituições, o GT-ASA aposta na articulação conjunta como caminho para tornar mais eficientes as medidas propostas. Segundo a pesquisadora Samíria Oliveira, professora do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, o planejamento integrado permite alinhar estratégias, evitar sobreposições de esforços e potencializar os resultados. Ela acrescenta que, desse modo, a equipe contribui de forma concreta para a solução dos principais desafios ambientais da região.

Nos dois encontros, foram discutidas a importância da iniciativa e questões relacionadas ao saneamento básico a montante do Açude Santo Anastácio — com destaque para os desafios envolvendo o esgotamento sanitário e a limpeza urbana. Também foram debatidas ações em curso e outras em fase de planejamento. Segundo a professora do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, essas etapas possuem potencial impacto na gestão das águas do reservatório.

Condições do Açude Santo Anastácio

Embora uma parte da população a montante do Açude Santo Anastácio (ASA) possua rede de esgoto, outra grande parcela das residências não está conectada ao sistema. Isso colabora para o despejo de esgoto em fossas sépticas ou diretamente a céu aberto. Esse tipo de unidade é considerado tratamento primário de esgoto doméstico, trabalhando com a retenção dos resíduos sólidos e a filtração da parte líquida.

As águas do Açude Santo Anastácio já vinham tomadas de águapés nos últimos meses. Em outubro do ano passado, uma ação de limpeza foi promovida pela parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente da Universidade Federal do Ceará (SMA-UFC) e a Prefeitura Municipal de Fortaleza. Na época, foi coletado um montante correspondente a 50 caminhões-caçamba de macrófitas aquáticas e outros resíduos da área. Esse tipo de planta sobrevive a condições extremas e se reproduz mais intensamente em ambientes eutrofizados, sinalizando o estado atual do local.

foto: Guilherme Silva/UFC Informa

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